Eu caio ou voo
Tombos estabanados
Levanto e vou
Direção ao desconhecido
Tatuada pela vida, Pele colorida
Na flor, na cor, pouso
No escuro, mundo da lua, voo
No amor, outra pele colorida, repouso…
Assim eu vou, assim eu voo
Eduarda Renaux
Colhendo e acolhendo palavras
Eu caio ou voo
Tombos estabanados
Levanto e vou
Direção ao desconhecido
Tatuada pela vida, Pele colorida
Na flor, na cor, pouso
No escuro, mundo da lua, voo
No amor, outra pele colorida, repouso…
Assim eu vou, assim eu voo
Eduarda Renaux
Já girei em torno de ti
porque tive medo que o mundo parasse de girar em torno de mim;
Hoje giro em torno do sol
Com todo mundo
como todo mundo;
Sou da periferia do desconhecido, observadora clandestina,
estrangeira na própria língua,
mas jamais foragida da própria vida…
Eduarda Renaux
10.03.2019
Aprender a amar é tentar prender o amor
Porque amar é verbo que não se prende a sujeito e nem ao tempo da conjugação
O amor não prende, é ligação, é impermanência no coração
Amor não tem duração mas tem seus próprios tempos.
O amor desprendido é aconchego em dias de tormenta.
É resistência em meio a indiferença
Esperança por dias melhores
Se a esperança é a última que morre é porque o amor está aqui
O dia que ele não resistir
A esperança morre de desgosto e inanição
O Amor é raiz
Por isso flores, podem cair
Que venha a próxima estação
Essa de deixar ir
Para que o novo possa vir
Eduarda Renaux
20.03.2019
#outono #novaestacao #anonovo #palavracolhida #raizdoamor
De tanto me contar em palavras
Perdi as contas de quem sou
Incontáveis momentos recordados;
Passado lembrado parece memória cheia, mas é também um vazio;
Do vazio eu crio, saúde forjada ….
Passado esquecido é não-acontecimento, é o nada;
Do nada, adoeço, dor disfarçada;
Inconveniente verdade é que não-lembrança não significa que não aconteceu,
É que as vezes quem lembra é o pulmão, estômago, coração e lugares que nem conheço,
Inconveniente verdade é que não é porque não os conheço que não existam no corpo. …..
Meu corpo, memória viva, fala minha língua aprendida;
Meu anticorpo, memória esquecida, é minha língua nativa;
Só Indefesa falamos a mesma língua
Só indefesa diferencio o que é concreto e o que é argila. ….
Movimento que não faz sair do lugar não é ousadia;
Nem sempre casulo é só lugar seguro
É a morada da metamorfose
Quando se precisa se fechar em defesa da vida
É anticorpo
….
Eduarda Renaux
23/03/2019
#palavracolhida #anticorpo
Quiron era um Deus de sabedoria e espiritualidade que inspiravam a muita gente. Hércules por acidente acertou uma flecha em sua perna. Por ser imortal, não morreu, mas foi gravemente ferido. Quiron se transformou em um grande curador, pois por meio de sua própria dor compreendia a dor do outro. Jamais conseguiu curar a ferida da flechada que levou. Ele podia curar apenas aos outros, mas não a si mesmo. Se tornou o curador ferido, assim conta o mito.
Todos nós temos uma medicina própria. Mas nossa ferida sagrada temos que endereçar a cura para um outro. Não existe um curador universal. A gente escolhe a dedo quem vai botar esse dedo em nossa ferida.
A gente não cura quem se é, fazemos da ferida uma arte, um sinthoma, um dom, um nome, um lugar singular no mundo.
O passado a gente não muda, Quem muda somos nós, que mesmo mancos não podemos recuar do desejo que existe dentro da gente de seguir caminhando.
Melhor uma ferida sagrada do que um corpo sacrificado pela expectativa do outro. Ser um curador ferido é saber que tem limitações e vulnerabilidades, e que nem mesmo os deuses podem ser idealizados. Idealizar é não sair do lugar, é perder a liberdade.
Eduarda Renaux
A curiosidade é o desejo de saber mais e mais, e não se contenta com nenhuma resposta, não tem fim. Sem ela é um saber de “cór”, sem cor, sem alma. É o próprio fim!
A palavra decorada é até palavra bonita, mas sem vida, é apenas decorativa, não diz nada.
A curiosidade e a magia são como melhores amigas. E elas amam brincar juntas e quando o fazem, nosso coração vibra de alegria, brota o desejo. E esse final de semana foi assim, guiada pela curiosidade e seu efeito magico.
Eduarda Renaux
Seja humilde, o sol nasce e se põe para todos.
Seja generoso, a mão que você estende hoje é aquela que te segura amanhã.
Seja colo, o lugar mais seguro do mundo é dentro de você mesmo.
Não importa quantas vezes você se perder, ele esta lá.
Não importa quantas vezes você se desconstruir, você pode refazê-lo, desde um outro lugar.
Eduarda Renaux
Quantos “lá foras” até virar gente grande, afinal?
Fora da barriga, fora do berço, fora de casa, fora de um relacionamento, de uma cidade, de uma crença, da realidade.
Quanto mais fora no mundo mais dentro de si mesmo. Todo mundo precisa dar uns passos para longe do espelho para poder se enxergar melhor de corpo inteiro. Assim também é para se enxergar melhor de dentro. E quanto mais para dentro você se olha mais para fora serás lançado.
Nesse mundão, qual é o mundinho milimetricamente construído que você pertence?
Não existe um “último fora”. A vida são iniciações. Quando você menos espera outro ciclo começa. Mas nada é tão fora ou tão longe que não possamos construir um abrigo próprio. O mundo é lindo mas é também hostil, saiba se proteger e também se defender. Então quando sair não esqueça de levar o casaco e fale sim com estranhos. O estranho é exatamente o que você precisa conhecer. “Vai! E se der medo, vá com medo mesmo.” Assim todos nós encaramos o primeiro dia de aula. E assim encararemos a vida, que é a mais profunda escola.
Eduarda Renaux
26.05.2019
Vivamente concebido mas nasceu morto… A gestação foi bonita, o frio na barriga, os pensamentos de tudo que poderia vir a ser, aquela sensação de finalmente estar completo. A paixão!
Essa euforia que faz parecer que tudo passa em torno do próprio umbigo. Aquela sensação de controle de quem carrega o outro para onde for dentro de si. A gestação!
Mas quando as contrações começaram anunciando a chegada do nascimento de algo maior, de finalmente ver o amor olho no olho, deu-se um jeito de semear o medo e a desconfiança. Hora do parto! De partir… O medo feito veneno paralisa e foi tarde demais. Morreu sufocado na sala do parto. Morreu o que poderia ter sido amor. Morreu anônimo sem direito a velório e enterro.
Constrangidos por terem feito o viver morrer, cada um seguiu seu caminho com o coração enlutado. De luto desse amor indigente assassinado. Recusaram inconscientemente as futuras paixões e viverem de flertes sem
significado. Relações desnutridas e vazias, onde jamais outra gestação poderia brotar.
Vez ou outra tomavam um porre de alguém e acordavam de ressaca. Na noite anterior era brilho e alegria, a sensação de quem vive intensamente. Mas no dia seguinte à melancolia, o vazio e o entendimento que ali não se viveu, se anestesiou a solidão.
Um amor que nasce morto não é por amoralidade ou maldade, como muitos podem pensar. É impossibilidade de sustentar uma entrega. O movimento pode ser a cura. Mas alguns não sabem o que fazer além de paralisar.
Eduarda Renaux
27.08.2019
#palavracolhida #escrita #desenho #contraação #aquarelasemcor
Detalhista, perfeccionista, no detalhe repara tudo que pode melhorar.
Detalhista, sensível as miudezas, no detalhe sabe que tudo já é perfeito como é.
Detalhista, pensa que de detalhe em detalhe que a obra se faz.
Detalhista, reflete que o micro é o reflexo da macro obra.
Detalhe não é erro, é beleza exposta para olhares atentos e sensíveis.
Olhe com atenção e você verá a razão, o que precisa na cena melhorar. Olhe com o coração e verá a intuição, o que não pode ser mudado, porque assim é, assim pôde ser.
Mas ambos detalhistas sabem da eterna mudança orgânica da vida. O detalhe obriga o movimento. Pois das miudezas podemos dar conta.
Confiar na caminhada é estar atendo a esses detalhes…é ser detalhartista. No detalhe a arte de viver. Nessa teia da vida, nesse rendado do tempo.
Eduarda Renaux
01/09/2019
#palavracolhida #detalhartista #detalhe
De norte a sul, a direção do vento define o próximo destino. Para poder conhecer onde repousa e voa esse tal de Guará.
De leste a oeste, vento é ar em movimento. A inconstância e o impulso da eterna mudança… Da âncora fiz um teto, um abrigo do mal tempo, dos ventos difíceis ou do momento de contemplar. .
A âncora precisa do mar assim como a vela precisa do ar.
Sem âncora, à deriva. Preso na superfície.
Sem vela, paralisado. Afundado na profundidade. .
Cada um que construir sua vela e sua âncora dentro de si, tem o mundo para desbravar.
E quem soprou essa história-bússola no meu ouvido foi o vermelho de um Guará…
Eduarda Renaux
09.09.2019
#PalavrAcolhida #velaeancora #guaraqueçaba #Superagui #Paranagua #saudade
Onde houver possibilidade de vida, posso germinar, brotar e até enraizar.
Quem sabe eu não possa ser a força de uma árvore. Nem gozar de uma abundância frutífera.
Posso ser a fluidez de um bamboo.
Que faz do ar, música.
Da água, um lugar.
Da raiz exposta, uma verdade.
Da vida, uma sorte.
Já vivi no deserto. Lá onde o mar morreu. Onde for seco e hostil, mata-se lentamente minha raiz, o cordão umbilical com a vida. Lá não posso ficar. E não importa o tamanho do que preciso renunciar. É a minha única dureza, minha fratura exposta, Não negocio com areia ou corações áridos.
Eduarda Renaux
#PalavrAcolhida #raizexposta
13/09/2019
Estava numa conversa sobre escolhas e a pessoa bem humorada soltou: “estou esperando a decisão cair do céu”. Na hora já não pude mais acompanhar a conversa, meus pensamentos foram para longe, olhei pela janela e vi a chuva que caía. Não sei se uma decisão, mas era água que caia do céu naquele momento. O céu finalmente virou o regador da vida. Se escolhas caem do céu, naquele momento entendi que, apenas se eu regar, a vida pode vingar. Que onde está árido, seco ou frágil, é onde eu preciso investir. E todos os dias decidimos onde colocamos nossa energia, onde sustentamos nosso desejo, onde queremos que a semente que plantamos germine. Nutrir não é fácil, às vezes quem está na seca somos nós mesmos. Se nutrimos sem sermos regados, quem seca somos nós. E aí perdemos a possibilidade de nutrir. Mas tem outro ponto, tão importante quanto! Escolher é perder o que não escolheu, para ganhar o que escolheu. E quem não quer perder nada não decide nada, não perde nada mas também não ganha nada. Vida empatada é vida empacada. A decisão vem, quando abrimos mão do ideal. Quando a idealização cai, uma decisão cai junto. Ali no nosso colo. Já diria o ditado, melhor um na mão do que dois voando. Então é verdade, as decisões caem do céu, esse céu que a gente fica cultuando, essa altura da nossa fantasia. E quando esse ideal cai a gente finalmente alça voo. E tudo isso eu pensei olhando pela janela da cozinha enquanto decidia o que fazer da vida. Cair, para voar!
Eduarda Renaux
20.09.2019
#palavracolhida #caiudoceu #desejo #escolhas
Despertar mais tarde…Soneca na vida, amanhã eu mudo
Só mais cinco minutos… Me despeço devagarinho de quem quero deixar de ser
Só mais um pouquinho…E eu me encorajo a ser quem sou
A gente se despede aos pouquinhos… Porque ser uma expectativa alheia é como cama quentinha no inverno, sentir- se amado.
Mas ser quem se é, é como ser o próprio mundo ali fora e o próprio amor em si.
Mais vai devagarinho…Respeita o tempo da mudança.
Mas não perca tempo em mudar.
O tempo do descanso e o tempo de despertar…
Tempo semente…tempo de se abrir
Eduarda Renaux
29/09/2019
#palavracolhida #tempos